I – A MORTE
A morte não é
o fim de tudo. Ao contrário, é a continuação da vida. É um recomeço.
A morte não
existe. Suas dores são as dores de um “parto”.
Parece incrível?
Mas assim é que é.
O homem
sempre teve a intuição da vida após a morte. Mas na verdade não é uma intuição, é uma
lembrança. Porque nascemos e morremos muitas vezes, vezes incontáveis.
Então por
que o medo da morte? No fundo, não tememos a morte, mas as dores. Tememos ainda
o seu mistério. Intuímos que a morte não é o fim.
O processo
de morrer é indolor. O corpo sofre dores, sem dúvida, mas as dores são
provocadas pela doença, ou pelo choque do acidente, por exemplo. Não pela
morte.
Seja qual
for a causa da morte, conforme ela se aproxima o organismo sofre alterações químicas
irreversíveis. Mesmo nas mortes causadas por acidente, mas muito mais quando é
uma doença fatal que ataca o corpo.
O organismo
sofre toda espécie de reflexos físicos, mas a mente já está anestesiada.
As doenças
causam as dores, ou os ferimentos, mas não a morte.
Morte não é
doença, não é ferimento, é a separação do espírito do corpo físico.
As funções
do corpo se extinguem, mas não as da alma.
Quando se
aproxima o momento da morte, a pessoa já não sente dor. Ela já começa a
penetrar no outro mundo.
Há a agonia,
mas essa agonia nada mais é que um movimento involuntário dos músculos; a alma
certamente já iniciou sua subida.
Nesse
momento, a pessoa sente uma grande paz. E uma sensação de retorno.
Cessam as
dores agudas, há um torpor, sente-se uma grande alegria interior.
Aos poucos,
o mundo material torna-se enevoado e o mundo espiritual começa a emergir das
sombras. A pessoa ainda está viva, mas já está vendo com os olhos do espírito;
divisa o novo mundo, começa a abandonar esse plano para se fixar no outro.
Tudo que é
vivo e material torna-se vago, como sombras, as cores ficam menos brilhantes. Se
ela olhar para o céu nesse momento, poderá ver uma leve coloração vermelha ou
dourada; a visão material começa a se desfazer, cintilando o mundo espiritual.
As pessoas
desencarnadas, espíritos, tornam-se visíveis ao redor do moribundo.
Elas já estão
ali, vieram em seu auxílio. Toda uma equipe é posta em ação para cada pessoa
que desencarna. São familiares, amigos e, principalmente, os socorristas do
plano espiritual. Eles vêm auxiliar a desfazer os laços do espírito com o corpo
físico.
Há uma
verdadeira recepção para o espírito, seja ele qual for.
Você deve
estar se perguntando: mas mesmo um criminoso, um suicida?
Também eles
recebem auxílio da espiritualidade no momento da morte? Sim, todos recebem. O que
acontece, e logo será mais detalhadamente explicado, é que certas almas não
podem, por sua baixa vibração, fruir do contato com a espiritualidade
imediatamente. Isso se aplica, naturalmente, aos suicidas e àqueles que viveram
no mal, lesando seu períspirito. Mas isso é outro assunto.
Normalmente,
a pessoa já está em contato com a espiritualidade. Falta pouco. E, quando
cessam as atividades do coração e dos pulmões, então o corpo está morto.
Tudo isso não
se dá num instante. O cérebro é o último a morrer, mas a mente não morre, ela
pertence à alma.
No instante
da morte, o períspirito desprende-se totalmente do corpo; sai pelo umbigo ou
pela cabeça e desfaz-se o cordão de prata que o ligava ao corpo. O períspirito aparece
como uma névoa acima do corpo físico.
Não raro, o
desligamento do corpo espiritual é lento, progressivo. Em doenças muito longas,
os laços podem se desfazer muito lentamente, durante dias e até semanas. Quando
o cordão de prata se rompe é que a morte foi concluída.
Sobre o cadáver,
a nuvem de energia do períspirito pode pairar por uns três dias. Depois se
dissipa.
O períspirito
ainda sente, por um certo tempo, a energia do seu antigo corpo. Isso se dá pela
atração magnética e significa que ainda permanece ligado a ele.
O períspirito
costuma estar presente, flutuando sobre o corpo, no seu próprio velório e
enterro, e ainda flutua sobre a laje do cemitério. O espírito vê e ouve, embora confusamente,
nesse período; é tocado pelas impressões dos que o choram. Sente as dores dos
familiares, sofre, quer voltar e não pode.
A menos que
se trate de espírito muito evoluído e, portanto, mais fluídico, que então poderá
partir imediatamente ao plano espiritual. Mas na maioria das vezes não é isso
que acontece. O espírito costuma sentir, por um prazo de três dias, tudo o que
acontece ao seu corpo morto. Sente o encaixotamento do corpo, sente faltar-lhe
o ar, sente intenso calor no caso de cremação. Mas só por três dias.
O ideal
seria que, nesse período, o cadáver permanecesse intocado, apenas repousando. E
que os funerais só acontecessem depois.
Após a
morte, a alma pode adormecer por horas, dias, semanas, meses e até anos. Mas depois
voltará à atividade.
Se a pessoa
não crê em vida após a morte, pode ficar envolta em densa neblina.
Os auxiliares
espirituais não terão acesso a ela. Sentirá então que está vivendo um pesadelo.
O espírito
precisa “reconhecer” que penetrou na esfera espiritual para a luz penetrar na névoa.
Após todo
esse processo, o espírito segue para os hospitais, câmaras de reparo, ou fica
aprisionado nas regiões de baixa vibração da crosta terrestre, como o Umbral. Há
os que ficam na Terra mesmo, como veremos mais adiante.
Como se pode
ver, a morte não dói e ainda pode ser aprazível.
Morrer é
como retornar ao lar depois de uma aventura perigosa; tomar um bom banho, vestir
roupas limpas e cheirosas e sair para um passeio seguro.
Brisa e
frescor, alegria e liberdade.